A cidade que mais desmata a Mata Atlântica no Espírito Santo é a minha

Autora: Ana Carolina S. Backer (Curso Técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio)
Orientação e revisão textual: Adriana Pin (Professora de Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa)

O lugar onde vivo é como qualquer outra cidadezinha do interior, não chega a 133 mil habitantes, mas possui uma ilha, que faz da nossa cidade um meio turístico muito conhecido pelo resto do Espírito Santo e até mesmo nacionalmente, a Ilha de Guriri no município de São Mateus - ES, com verões cheios e muita festa.

Em meio a tanta beleza, turismo e história, nossa cidade carrega um fardo enorme, aquele de ser considerada a cidade que mais desmatou a Mata Atlântica no período de 2019-2020 no ES. O que claramente não é considerado um bom título para ganhar, muito menos para se orgulhar. Diante de todo território da mata presente na cidade, durante esse curto período de tempo, foram desmatados cerca de 29 hectares dessa tão preciosa terra. Dados esses divulgados por estudos da Fundação SOS Mata Atlântica, onde também são apresentados os 462% de crescimento da área desmatada apenas no ES, durante o mesmo período, dando destaque para São Mateus, pioneira no desmatamento, para a tristeza de seus habitantes. 

No meu ponto de vista, e posso dizer que de uma grande parcela da população, ao invés dessa porcentagem aumentar, a mesma deveria diminuir a cada dia mais, com todas as conhecidas consequências causadas pelo desmatamento, sendo elas a perda da biodiversidade, o aumento do aquecimento global, a contribuição com o efeito estufa, entre outros. Contudo, apesar de todos os malefícios observados, o homem, em geral, deixa de dar a atenção necessária para o meio ambiente, ligando apenas para a sua renda e o que esse “investimento” pode te trazer, em relação ao salário. Investimento esse que só prejudica ainda mais nossa vida e saúde. De acordo com moradores, os prejuízos dos desmatamentos já estão aparecendo, e dificultando a vida dos mesmos, não deixando que os problemas passem despercebidos. 

A principal causa do desmatamento na cidade, e no estado, é o crescimento e popularização das plantações de eucalipto. Apesar de trazer uma fonte de renda, as mesmas apresentam uma grande substituição das áreas, que antes eram florestas, em grandes plantações que acrescentam em suas rendas. Com isso, esse desmatamento das florestas causa um alto índice de prejuízo para a natureza e um grande impacto para a população, fazendo com que a temperatura da cidade aumente, diminuindo da área verde e podendo intensificar a crise hídrica, além de aumentar os danos já existentes e prejudicando o turismo, que é uma enorme fonte de renda da cidade. Então, ao mesmo tempo que “ajuda” a renda de algumas pessoas, causa uma queda na de outras. Uma parcela dos moradores está tomando ciência do assunto e tentando melhorar a situação, apesar de ser um número relativamente pequeno, já faz uma diferença no cenário apresentado. Com essa mudança de atitude de alguns, outros habitantes tomam como exemplo e começam a melhorar seus atos diante do problema.

É evidente que se continuarmos com esses índices, daqui a pouco tempo será praticamente impossível viver em uma cidade com tanto desmatamento praticado e com tanta consequência do mesmo em decorrência, algo que nenhum de nós queremos. Para que isso não ocorra, deve haver uma maior conscientização na população em geral, principalmente, para a parte agrícola, onde devemos encontrar soluções para que esses desmatamentos minimizem e que haja uma recuperação significativa da Mata Atlântica na nossa cidade e no estado inteiro.

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