Andorinha

Autora: Maria Luiza Costa Ribeiro (Curso Técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio)

Era uma tarde ensolarada de outubro, Isabel admirava a paisagem da janela de seu quarto, “Parece uma pintura feita à mão”, disse ela. Viu graciosas borboletas e sentiu o cheirinho dos churros que eram vendidos na esquina, esse é seu aroma predileto no mundo inteiro, além do cheiro que a chuva exala quando bate na terra. Parecia tudo mágico aos olhos da doce e esperta menina de 7 anos. De repente, uma andorinha repousou seus pezinhos sobre a janela e sacudiu suas belas penas azuladas como o mar, secando-se do banho de mangueira que tinha tomado enquanto um vizinho lavava a calçada. Uma das características mais notórias de Bel, como Isabel gosta de ser chamada, é a sua curiosidade, não demorou nem 1 minuto e a sua cabecinha já fervilhava de perguntas, “como será que esse passarinho consegue voar”, “por que ele tem essa cor tão bonita?”, se perguntou também, em sua ingenuidade de criança, se o passarinho tinha brinquedos para brincar no seu ninho, cogitou até emprestar seus próprios brinquedos para o pássaro.

Debruçada na janela, a menina refletia o porquê de não poder mais ir ao colégio, às festas de aniversário dos colegas ou à piscina com suas tias, enquanto a pequena andorinha estava livre para voar onde quisesse e tomar banho de mangueira na casa de todos os vizinhos. Isabel mora com a sua avó, chamada Filomena, todos costumam dizer que elas são muito parecidas e que a neta é a cópia da avó quando criança, as duas têm cabelos encaracolados que brilham com cor de caramelo quando estão no sol, lábios rosados e carnudos, olhos de jabuticaba que se destacam no rosto da forma mais espirituosa possível e um sorriso que faz qualquer um se sentir seguro e muito amado. Filomena chegou no quarto e contou à Isabel que elas não podiam sair de casa com frequência por causa do coronavírus.  A garotinha curiosa logo perguntou:

Como assim? O que isso faz? É uma pessoa? Por que ele não nos deixa sair? O que é esse corona...corona...co...co…, como se pronuncia essa palavra? 

A avó respondeu:

Coronavírus! É um bichinho que está deixando as pessoas doentes, não podemos sair de casa para não nos contaminarmos, precisamos usar máscaras e ficar afastadas de outras pessoas.

 A menina entendeu sua avó, mas ainda estava triste por não poder viajar ou ir à piscina. 

Isabel olhou o céu, e para sua surpresa, viu um bando de andorinhas voando em formação aérea de “V”, ela amava os animais, e agora, cercada pela realidade de uma pandemia, admirava ainda mais a liberdade que os passarinhos tinham de voar de país em país com o assobiar do vento nos ouvidos e todos o seus amigos do lado. Izabel sentiu seu coração palpitar mais forte, ficou encantada e seus olhos se encheram de água, suas lágrimas eram como o orvalho escorrendo numa folha verdinha no alvorecer de um lindo dia, ela nunca tinha visto bichos tão bonitos. O bando voava como se estivesse em uma apresentação de ballet especialmente preparada para a menina, então ela lembrou da bela andorinha que pousou na sua janela e falou: “Eu quero ser como uma andorinha de novo, vovó”. Filomena é emotiva e protege sua neta como uma leoa feroz, quando ela ouviu o que Isabel disse, se comoveu e respondeu: 

Querida, o que você está vendo no céu é a migração das andorinhas, elas chegam na primavera e partem no inverno, mas ele não dura para sempre, as andorinhas sempre voltam e marcam o início de uma nova primavera! O coronavírus não vai trazer danos e nos isolar de nossos parentes e amigos para toda a eternidade, em breve as andorinhas vão voltar e fazer desse inverno uma linda primavera. Acredite!


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