Educação 2021: um retorno é necessário

Autora: Maryah Mirandola da Paixão Aguiar Lima (Curso Técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio)
Orientação e revisão textual: Adriana Pin (Professora de Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa)

A segunda cidade mais antiga do Brasil é onde vivo, São Mateus, um pequeno município ao norte do Espírito Santo. Com 2.339 km² de área, e cerca de 132.642 habitantes, esta cidadezinha tem um perfume fantástico de história, e o sabor de uma cultura riquíssima. Em cada canto daqui é possível encontrar preciosidades indescritíveis como a Ilha de Guriri, com sua igrejinha; o Museu Municipal; a Igreja Velha e o Porto, que carregam consigo o passado histórico da cidade.

Desde 2020, as aulas presenciais da rede municipal de São Mateus foram suspensas, devido à pandemia de COVID-19. Em determinado momento do ano em questão, foram iniciadas aulas no sistema remoto com intuito de minimizar os impactos causados pela ausência de ensino. Contudo, embora sendo a única possibilidade de desenvolvimento do processo de aprendizagem dos alunos diante dessa situação atípica, esse formato de aula apresentou uma série de problemas. Assim, desde então, passou a ser bastante discutido o retorno das aulas presenciais, ainda que no modelo híbrido, inicialmente. 

Esse sistema híbrido de ensino, embora muito esperado por boa parte das famílias, principalmente a parcela mais carente; e muito pressionado por uma outra parcela da sociedade, como governantes e Ministério Público, era um sistema que abria mais discussões com diversidade de opiniões, muito vinculadas à questão da sua efetiva segurança para os profissionais, alunos e familiares; já que na visão dos servidores públicos da educação, além da vacinação estar apenas no período inicial, o ambiente escolar municipal não apresentava a segurança necessária para a volta às aulas semipresenciais, devido à falta de insumos e estrutura propícios para o distanciamento e higiene conforme os padrões estabelecidos.

Entretanto, apesar do ensino híbrido apontar os problemas anteriormente citados, não há dúvidas de que o ensino remoto se mostrou ainda mais falho ao longo do ano letivo de 2020, até o presente momento em 2021, uma vez que é excludente por deixar de fora os alunos menos favorecidos em relação à tecnologia e acesso aos aparelhos eletrônicos necessários. Além disso, o distanciamento entre professor e aluno, ambos fora da sala de aula – lugar de troca e compartilhamento – tornou o processo de aprendizagem limitado e mais difícil. Nesse formato, o professor não pôde exercer seu principal papel de mediador do conhecimento de maneira plena e eficiente; e foi imposto ao aluno uma imediata autonomia na sua rotina de estudos. 

Ao observar essa problemática, podemos perceber professores e alunos que defendiam o retorno das aulas semipresenciais, mesmo que com algumas ressalvas e critérios, por um lado, por julgarem-no mais eficiente em relação ao processo de ensino aprendizagem; mas tínhamos também, por outro lado, a parcela que era contra a esse retorno, por acreditar que o ensino remoto trazia mais segurança diante dessa realidade pandêmica. Para mim, o ensino remoto foi muito importante para elevar a educação a um nível mais tecnológico e expandir os meios de ensinar e aprender. Entretanto, não é benéfico que continue sendo a principal forma de ensino na educação da cidade e do país; pois analisando ambas as modalidades propostas nesse período e os argumentos mencionados nos parágrafos anteriores, torna-se bastante notável o quanto as aulas presenciais, ainda que híbridas, são necessárias e precisam retornar.     

Em 2020, pude perceber o quanto o ambiente físico – o convívio entre as pessoas do núcleo escolar, uma relação mais próxima, direta e pessoal com os professores – faz diferença em todo o percurso da constante busca pelo conhecimento. Eu, como aluna, fui prejudicada por não saber me guiar sozinha de maneira tão imediata quanto me foi exigido, exigido não pela escola como instituição, mas pelo próprio sistema remoto implantado diante das circunstâncias. Sendo filha de uma professora da rede municipal de São Mateus-ES, também tive a oportunidade de enxergar como esse sistema funcionava do outro lado da tela, o dos profissionais da educação, que esbarravam em tantos obstáculos ao terem que desempenhar sua função habitual num modelo totalmente novo e desconhecido. 

Assim, fica muito nítido o quanto o retorno das aulas semipresenciais neste ano de 2021 é tão essencial e esperado, ainda que com percalços e muito cuidado. Voltar ao ensino presencial tem sido visto como uma tentativa de diminuir o tempo de recuperação dessa queda de desenvolvimento e das notáveis perdas educacionais por falta de um estudo mais ativo e efetivo, construído com os elementos que só a sala de aula proporciona: trocas, diálogos, retomadas e proximidade social. Para mim, no entanto, é tentar devolver vida ao processo de ensinar e aprender nas escolas do município de São Mateus-ES.

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