A primeira crônica

Autor: Diego dos Santos Altoé (Curso Técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio)
Crônica selecionada para representar o Ifes Campus São Mateus na OLP 2010
Orientação e revisão textual: Adriana Pin (Professora de Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa).

Bom, hoje é dia doze de agosto de dois mil e dez, estou no Ifes do campus de São Mateus, na oficina de Língua Portuguesa. Fui incumbido da tarefa de criar uma crônica, mas, até agora, não faço a mínima ideia sobre o que vou escrever.

Já são nove horas e cinquenta e cinco minutos, todos os colegas a minha volta já estão escrevendo, restando apenas eu, aqui, olhando para o tempo, na esperança de ser tocado a qualquer momento pelo anjo da inspiração. Mas até agora nada... Estou cercado por quatro paredes de blocos e cimento. Duas janelas, gradeadas, o que me faz lembrar da rotina diária a que nós, estudantes, estamos presos.

E o tempo não para de passar: dez horas e cinco minutos. Essa hora ecoa pela minha cabeça, vazia, sem nenhuma ideia. Meus amigos não param de escrever, acho que eles nem respiram com medo de se distraírem e perder a ideia. “Me distrair”, bem, isso é basicamente o que eu estou fazendo. Mas, a cada minuto que passa, a pressão na minha cabeça aumenta: dez horas e treze minutos.

Acho que já vistoriei cada centímetro quadrado desta sala à procura de uma ideia, mas até agora nada! Por quê?! Por que eu não consigo escrever como eles? Eles são como máquinas e eu aqui “viajando”. Penso na vida, nos problemas, nas possíveis soluções, em busca de pelo menos tentar aproveitar esse total silêncio, que só é cortado pelos ruídos das portas, dos lápis riscando o papel, para refletir um pouco.

Nada ainda: dez horas e vinte e três minutos. Tento me recordar de tudo o que havia aprendido sobre crônica. Mas afinal, de nada isso me adianta; não se eu não tiver inspiração.

Olho novamente para o relógio, um sinal de claro desconforto: dez horas e trinta e três minutos. Adivinhem: nada ainda. Uma parte dos meus amigos já terminaram e se retiraram desta sala. Os que ainda estão aqui não param de escrever. Decido então sair para beber água, na esperança de esfriar minha cabeça e diminuir meu nervosismo. A água do bebedouro saía fraca, sem pressão, quase que desanimada. 

Então, ao entrar na sala, me sinto renovado: o que tinha naquela água? Bem, o que tinha eu não sei, mas veio em boa hora. Ao me aproximar da minha mesa, percebo algo que me surpreende: uma folha de papel toda escrita. “Cara, eu escrevi isso tudo, mesmo?! ”

Olho as horas no meu celular, uma última vez antes de entregar para a professora, quase como se fosse um ritual, um instinto: dez horas e cinquenta e um minutos. Com nove minutos de prazo faltando... Eu consegui!




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