A primeira impressão não é a que fica

Autora: Inaiara Cosme Bortolotti (Curso Técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio) Orientação e revisão textual: Adriana Pin (Professora de Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa).

Apesar de estudar à tarde, estamos praticamente todos os dias pela parte da manhã na escola, pois sempre há algum trabalho ou prova para estudar. Como moro longe das dependências da escola, não é possível ir almoçar em casa. No início, eu almoçava sozinha, pois não tinha amigos e isso me deixava muito triste, a ponto de querer desistir de um sonho, que era estudar no Instituto Federal do Espirito Santo. Como fui a única a passar no processo de seleção para São Mateus lá da minha escola, isso se tornou ainda pior, pois, quando cheguei aqui só me deparei com pessoas desconhecidas e que já tinham formado seus grupinhos de amigos, devido a já se conhecerem de outras escolas. Isto aconteceu principalmente com as meninas. O primeiro dia de aula, então, foi o pior. Que eu me lembre, não tinha passado por isso nem no primeiro dia de aula da creche. Minha mãe foi me levar e ficou um pouco lá comigo, mas depois ela foi embora. Nesse, momento, não consegui conter minhas lágrimas. Eu tentei segurar, mas foi mais forte do que eu. Comecei a lembrar da minha antiga escola, das minhas amigas, e me deu um aperto muito grande no coração. Eu queria que minha mãe ficasse comigo ali, até a hora de ir embora, pois só a presença dela me confortava, mas não podia. E quando ela saiu me senti um peixe fora d’água, fiquei perdida, sozinha e sem saber o que fazer. As lágrimas iam escorrendo sobre o meu rosto e eu tentava esconder para ninguém ver. Tentava me animar, pois estava em uma escola federal, mas a solidão não deixava, e parecia que as horas não passavam... Aquilo me deixava ainda mais nervosa. 

Quando deu a hora de ir embora, minha mãe estava me esperando. Ela viu que eu não estava bem e não quis me deixar ir embora sozinha. Quando chegamos em casa, eu não parava de chorar. Minha mãe tentava me acalmar, falava que isso era só porque era o primeiro dia, depois eu ia fazer muitas amizades, mas eu não creditava. Com o passar do tempo, o que minha mãe disse realmente aconteceu, fui me relacionando e conhecendo melhor meus colegas de classe e hoje já tenho grandes amigos.

E hoje, quando me perguntam se ainda quero desistir de estudar no Instituto Federal do Espírito Santo, eu encho a boca para falar que não e os almoços então nunca mais foram os mesmos. Minha vida no Ifes mudou da água para o vinho, o que no inicio para mim era a pior escola do mundo e que era o fim da minha vida social, hoje se tornou completamente o oposto. Tenho vida social e é muito boa! Não vou dizer que é a mesma de antes, porque tenho que me dedicar mais aos estudos, mas nada que me impeça de ser feliz e de me divertir. 

Hoje, quando me lembro daquele dia, começo a rir, pois todos os medos passaram... deixando apenas a vontade de lutar por aquilo que é um sonho para mim. Não vou dizer que seja fácil e nem que não seja desesperador de vez em quando, mas uma coisa eu posso dizer, compensa e muito.

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