Pássaros

Autora: Rayssa Martins (Curso Técnico Mecânica Integrado ao Ensino Médio)
Texto classificado em 2º lugar na etapa de seleção para a OLP 2012, e publicado no livro Versos e Prosas, 2015.
Orientação e revisão textual: Adriana Pin (Professora de Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa)

Sentado no banco do carro, esperando que o frentista pudesse trabalhar um pouco menos depressa, ele apreciava a melhor paisagem que viu nas últimas duas semanas. Aquela Igreja Velha lhe trazia toda a história de sua cidade e, em uma fração de segundos, pôde sentir as lamentações de todos aqueles sofridos escravos, pulsando em suas veias. Não era a primeira vez que isso lhe ocorria. 

Desceu de seu carro, não se importou em pagar ao frentista e foi em direção à Igreja. No céu, pássaros faziam aquele azul não parecer tão banal. No chão, pássaros transformavam comida ignorada pelas pessoas em subsistência. Nos blocos daquela antiga construção, pássaros davam vida à história morta há tempos. E isso foi o que o fez enxergar beleza envolvida em tanta dor. 

Depois das lágrimas que foram perdidas, das chibatadas que foram recebidas, das chaves de algemas que foram escondidas, da raiva que foi expelida, pode-se sentir uma forte interação entre a vida, a morte e a liberdade: os pássaros vivem e são livres, os escravos morreram sentindo todo o peso do preconceito, mas hoje também são livres. Podem voar, como os pássaros; nos proporcionam lembranças, como os pássaros; são tão leves e tão belos, como os pássaros. 



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