Rotina

Autor: Sávio Fagundes Loretti (Curso Técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio)
Texto classificado em 3º lugar na etapa de seleção para a OLP 2012
Orientação e revisão textual: Adriana Pin (Professora de Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa)

Minha rotina era assim, estudava de manhã e à noite fazia um cursinho qualquer. Tentando passar no Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo), estudava até tarde da noite. Em um dia como esse, deu a hora de ir para casa descansar. Como de costume, caminhei em direção ao ponto de ônibus e lá estava ele parado, esperando dar a hora de sair. 

Eu, andando sozinho, na rua fria, escura e silenciosa, um pouco sombria, pois havia um cemitério de um lado, uma igreja bem velha do outro e névoas na estrada. Finalmente, cheguei ao ônibus, subi as escadas, paguei ao cobrador e me sentei. Foi nesse momento que eu percebi uma voz alterada para aquele horário. Uma velha qualquer gritava ao telefone, bem irritada. Ela falava do cobrador, que o cobrador fez algo com ela, mas eu não sabia do que se tratava, também não queria saber, só queria ir para casa descansar.

Com o ônibus ainda parado, a velha não parava de resmungar. De repente, ela dá um ataque, não para de tremer, fica dura e não consegue se levantar. O ônibus todo se agita, todos se levantam querendo ajudar, maior desespero e confusão. O cobrador que até então estava calado, tremendo, espantado pega o celular e liga para o socorro. Ninguém sabia o que fazer, pois médico não anda de ônibus. Não sabiam se quebravam a janela para entrar um vento ou abanavam a velha com um pedaço de papel qualquer. 

Um homem sai do ônibus correndo, procurando alguém que entendesse de primeiros socorros, mas a rua estava deserta. Correu para um lado e só havia pombos na igreja velha; correu para o outro, e só havia túmulos no cemitério, e um coveiro... mas coveiros não entendem de primeiros-socorros, então ele desistiu. 

De repente o socorro chega. Quando o socorrista se aproxima da velha, o ataque passa rapidamente, como se ela fingisse que estava passando mal. Então, ela desce do ônibus ali mesmo. 

O cobrador explica para os passageiros que o cartão de transporte da velha havia quebrado, por isso ela se irritou com ele. Foi aí que ela teve a cara de pau de fingir o ataque. 

As pessoas não paravam de comentar o ocorrido. Finalmente o motorista dá a partida, e o ônibus segue viagem.

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