Caro Sr. Heathcliff, como vai?

Autor: Luanderson Goronci Nunes dos Reis (Curso Técnico em Eletrotécnica Integrado ao Ensino Médio)
Texto inspirado na obra "O morro dos ventos uivantes", de Emily Brontë, participante do Concurso Literário 2022 do Ifes Campus São Mateus.


Caro Sr. Heathcliff, como vai?

É com desgosto que lhe escrevo esta carta, visto os últimos acontecimentos em Morro dos Ventos Uivantes. Fui informado, por meio de uma fonte confiável, que o senhor vem, constantemente, cometendo atos que não deveriam sequer serem pensados por cavalheiros que se prezem.


A pequena Catherine, já enferma, não precisa que lhe batam à porta para infernizar seu casamento. Além do mais, evidencia-se cada vez mais o desgosto que o senhor sente por Edgar Linton. Isso me impressiona, uma vez que ele só deseja o bem de sua amada. Entretanto, é claro que não enxerga, ou escolhe não enxergar, esse lado expresso por ele. Digo-lhe, como conselho, que deixe essa história com o passado e siga em frente com o que, agora, possui de bens.


Aliás, tocado no assunto, assumo que admiro sua esperteza perante a situação de Hindley Earnshaw, pois vejo que está cuidando, minuciosamente, para que cada grão de terra que ele possui caia sobre suas mãos. Todavia, não quer dizer que eu incentivo e aprovo tudo isso, uma vez que o pobre Hareton Earnshaw está perdendo seu direito de herança. Em vista da maldade imensa e desprezível que o senhor comete, espero que ele, o legítimo herdeiro, se dê conta deste golpe e, futuramente, recorra contra suas traquinagens.


Além disso, prefiro pensar que se sua ausência de Gimmerton tivesse ocorrido de forma mais longa, ao invés daqueles ligeiros três anos, a vida poderia ser melhor em Thrushcross Grange, onde sua amada reside. Admiro-me pelo fato da querida Nelly ainda permanecer por lá, mas creio que só não partiu ainda pela amizade e consideração que tem por Catherine. É exatamente por isso que gosto tanto dela, pois sua lealdade e compaixão me comovem. Sei muito bem que, caso a Sr.ª Linton pedisse para ver o senhor, Nelly daria sua opinião contra isso, pois o bom senso habita sobre ela.


Não espero que, com esta carta, mude sua opinião. Digo isso pois, dada a sua forte personalidade e orgulho, não me cederá a mínima atenção. Porém, me atrevo a escrever-lhe mesmo assim, na tentativa de melhorar a vida de Catherine, que se encontra em um estado delicado de saúde. Tenho certeza de que o senhor nada faria para prejudicá-la, pois tomo como verdade que deseja que ela melhore, tanto em corpo quanto em alma. Ademais, mesmo acreditando que não terei retorno, me ponho à disposição.

Atenciosamente,

Luanderson Goronci.

Liverpool, 16 de dezembro de 1783.

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