Querida Blythe, escrevo-lhe esta carta com muito amor e carinho

Autora: Mayara Pereira de Jesus (Curso Técnico em Eletrotécnica Integrado ao Ensino Médio)
Texto inspirado na obra "A livraria dos achados e perdidos", Susan Wiggs, participante do Concurso Literário 2022 do Ifes Campus São Mateus.

São Mateus, 25 de outubro de 2022.

Querida Blythe, escrevo-lhe esta carta com muito amor e carinho.

Ao decorrer do livro,  pude perceber o quão forte e corajosa você foi ao  descobrir a sua gravidez logo após o término da faculdade. O susto deve ter sido grande, já que além da gravidez também descobriu que o seu namorado era casado e tinha filhos. Você se sentiu tão usada e sozinha, sem contar a vergonha de si mesma. Mas, afinal, quem não se sentiria assim? Ainda bem que teve todo o  apoio de seu pai, um homem doce e compreensivo, que sabia exatamente os sentimentos que estavam por vir, pois foi ele quem cuidou de você desde pequena, quando sua mãe abandonou a família. Ele, pensando em uma maneira de te ajudar, abriu a livraria Achados e Perdidos, o que, em minha opinião, foi muito gentil da parte dele. Ele se dispôs a abri-la só para que você não precisasse se preocupar tanto com o futuro do pequeno bebê. Hoje em dia, atitudes como essa são raras.

Nesta pequena carta, quero não só te parabenizar pela mulher e mãe que você foi, mas apontar algumas situações que poderiam ter sido evitadas. Com certeza você deu o seu melhor, fez todo o possível para criar a sua filha, Natalie, com amor, carinho e respeito. Lembro de quando ela  ficava perguntando a respeito do pai,você não sabia como agir, tendo em vista que ele mesmo resolveu não fazer parte de suas vidas e, quando a visitava, era tão frio que ela preferiu não manter contato. Eram nesses momentos que eu entendia a minha admiração por você. Apesar do pai estar distante, você tentava suprir essa ausência dele na vida de sua filha, como se fosse culpada por isso acontecer.

Natalie, depois de crescida, foi morar em outra cidade a trabalho. A sua relação com ela sempre foi forte e dessa forma permaneceu, mas assim que os problemas começaram a surgir você não os compartilhou com ela, apenas guardou para si. A sua filha era forte e determinada como você, dividir com ela o peso que estava carregando poderia ter te ajudado. Eu entendo as suas ações e preocupações como mãe, porém, no final, logo após a sua morte, sua filha precisou lidar com todos os problemas que você por tanto tempo escondeu.

Às vezes tomamos decisões pensando estar fazendo o melhor para quem amamos,  mas na realidade nem temos certeza de nada. Queria que o tempo pudesse voltar para que sua filha lhe contasse essa visão que eu tenho de você, de uma super mãe e mulher.

Blythe, apesar desses pequenos detalhes, você me ensinou como a vida é passageira e que devemos aproveitá-la fazendo o que realmente  gostamos. Que os nossos erros não definem quem somos. E, principalmente, a ser forte e corajosa  naqueles momentos em que tudo parece dar errado, porque geralmente tem algo muito melhor vindo. 

Atenciosamente,

Mayara Pereira

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